quarta-feira, 3 de março de 2010

SINTO VERGONHA DE MIM


RUI BARBOSA foi um cidadão exemplar, e hoje a sua memória deveria ser fonte de inspiração principalmente para os políticos.
Nasceu em 5 de novembro de 1849 e morreu em 1º de março de 1923 desiludido com a política.
O verso abaixo transcrito, de sua autoria, revela bem o sentimento desse notável brasileiro. Imagine se possível vê-lo comtemplando o que os políticos da atualidade anda fazendo aqui no Brasil?
Leiam e reflitam. As eleições estão se aproximando e vai aparecer os candidatos de todos os lados e sempre com as mesmas promessas. Inclusive dentros das igreja.
Boa Leitura!

SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim...

por ter sido educador de parte desse povo,

por ter batalhado sempre pela justiça,

por compactuar com a honestidade,

por primar pela verdade

e por ver este povo há chamado varonil

enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim

por ter feito para de uma era

que lutou pela democracia,

pela liberdade de ser

e ter que entregar aos meus filhos,

simples e abonminavelmente,

a derrota as virtudes pelos vícios,

a ausência da sensatez

no julgamento da verdade,

a negligência com a família,

célula-mater da sociedade

a demasiada preocupação com o "eu"

feliz a qualquer custo,

buscando a tal "felicidade"

em caminhos eivados de desrespeito

para com o seu próximo.

Tenho vergona de mim

pela passividade em ouvir,

sem despejar meu verbo,

a tantas desculpas ditadas

pelo orgulho e vaidade,

a tanta falta de humildade

para reconhecer um erro cometido,

a tantos "floreios" para justificar

atos criminosos, a tanta relutância

em esquecer a antiga posição

de sempre "contestar",

voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim

pois faço parte de um povo que não conheço

enveredando por caminhos

que não quero percorrer...

Tenho vergonha da minha impotência,

da minha falta de garra,

das minhas desilusões

e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir

pois amo este meu chão,

vibro ao ouvir meu Hino

e jamais usei a minha Bandeira

para enxugar o meu suor

ou enrolar meu corpo

na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,

tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!

De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto.


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